#Resenha "O Resgate do Tigre - A Saga do Tigre #2", de Colleen Houck

Kelsey está de volta ao Oregon. Voltar para casa foi a maneira que ela encontrou para fugir de um sentimento ─ está apaixonada por Ren, o tigre branco, que na verdade é um príncipe indiano amaldiçoado. Agora que ele tinha seis horas como humano, graças ao cumprimento da primeira tarefa, podia aproveitar a vida e conhecer mulheres melhores que ela. Não podia arriscar seu coração ficando com aquele homem incrível e lindo para depois perdê-lo. E por isso ela decide voltar para casa de seus pais adotivos.

Mas não será tão fácil tirar seu tigre da cabeça. Ren e o tutor Sr. Kadam compraram uma casa enorme para ela em um lugar afastado da cidade, um Porsche azul-cobalto (a cor dos olhos dele), roupas de grife, um celular novo e uma matrícula na Western Oregon University. Tudo isso como pagamento por seu "trabalho" na Índia. Claro, ela agora tem uma conta num banco com uma quantia razoável de dinheiro.

Kells até tenta sair com outros caras. Artie e Jason não exatamente compatíveis com ela. Li é descendente de asiáticos, professor de wushu na academia da família. Os dois se dão mais do que bem.

Ren está decidido a não deixar sua amada partir. Aflito pela distância, o príncipe se muda temporariamente para os Estados Unidos ─ mais especificamente para a vizinhança de Kelsey. Depois de algum tempo de reflexão e um empurrãozinho de Li, ela finalmente engata namoro com seu tigre. Mas a paz dos pombinhos está prestes a acabar.

Ah, querida, você não pode simplesmente deixar a vida passar enquanto protege um coração partido. É preciso se arriscar e tentar de novo. A vida é curta demais para vivermos sem amor.

O príncipe abre o jogo com a garota: Lokesh, o homem que ela vira na visão em Kishkindha e que lançara a maldição sobre os irmãos Rajaram está caçando-a. Kishan, o tigre negro, é chamado para ajudar a guardar a garota.

Mas nem dois tigres conseguem manter uma garota fora da vista de Lokesh por muito tempo. Após uma perigosa batalha com os homens de Lokesh, Ren é capturado para que sua amada e seu irmão pudessem escapar.

Kishan e Kelsey fogem de volta para a Índia. A única maneira de terem uma pista de para onde Dhiren foi levado é através da visão que o a captura do próximo presente de Durga proporcionará a Kelsey. Enquanto Kadam tenta decifrar a profecia da próxima, a protagonista recebe é treinada em artes marciais pelo príncipe mais jovem, o que os aproxima mais do que deveriam.

Estará Kishan fadado a cometer um erro do passado? Kelsey conseguirá ser forte para encontrar seu amado? Ren sobreviverá às torturas de Lokesh?


O Resgate do Tigre começa no ponto em que A Maldição do Tigre acabou. Kelsey Hayes está fugindo do que sente, pois tem medo de se machucar. Isso nos leva ao maior erro que Colleen Houck cometeu na saga.

Ao se aprofundar na experiência da protagonista com outros homens, nota-se que a autora quer dar a entender que não existe um homem tão maravilhoso e fascinante quanto Ren ─ e mesmo que exista alguém semelhante, não é a mesma coisa, porque um amor é algo único. O problema é que essa lenga-lenga inútil dura sete capítulos. Claro que é tudo muito bem contado e Li é uma personagem que adorei conhecer, mas senti que Houck estava simplesmente me enrolando por dois motivos. Primeiro: eu leio ficção fantástica esperando para encontrar coisas "impossíveis", como homens "perfeitos". Não me interessa saber de homens "menos melhores" que Ren e Kishan ─ fica parecendo chick lit (não que eu não goste do gênero, mas não vamos confundir as coisas). Segundo: a gente sabe que ela vai voltar pro tigrão, senão não haveria mais história. Acho que isso é o que chamam de "síndrome do segundo livro": o autor se perde no meio da narrativa, e a trama acaba perdendo a emoção.

Mas Colleen consegue se encontrar. A partir do momento em que Lokesh descobre a localização da Kells, a coisa começa a ficar boa, com bastante emoção ─ A Saga do Tigre volta ao seu normal. Graças a Durga!

Kishan, assim como a maioria dos irmãos, se torna quase que outro homem longe de Ren. Ele é intenso e determinado. Não o classificaria como um bad boy, mas sim como o mais prático e ousado, enquanto o primogênito é mais centrado e responsável.

Quanto mais desconfortável minha cadeira, mais provável que eu me levante e me mantenha ocupado fazendo o que é preciso.

O segundo livro da saga tem uma pegada melancólica, uma vez que Hayes perde Ren e está preocupadíssima com ele, mantido em cativeiro e sofrendo com as mais cruéis formas de tortura. O tigre branco fica afastado por pelo menos 20 capítulos, e quando volta... Bem, você terá de conferir por conta própria, porque o spoiler é pesado.

Desta vez a mitologia ganha tempero forte de referência a outras culturas e religiões: mitologia nórdica, cristã, grega e a presença da lendária Shangri-La, criada pelo escritor James Hilton, presente em sua obra Horizonte Perdido. Essa mistura foi feita de uma forma maravilhosa, só deu mais brilho à história. Os personagens fantásticos adicionados à série fazem nossa imaginação alçar voo, os cenários não perdem a qualidade, ao contrário, ganham riqueza quando comparados com a Kishkindha do primeiro volume.

Muitas vezes o inimigo é o melhor professor de tolerância.

Também percebemos quão forte Kelsey é, embora ela mesma não dê valor a isso. Seu amor foi raptado, ela tem pesadelos com a tortura dele, mas continua centrada em seu treinamento com o objetivo de tê-lo de volta, não se deixando abater.

Ren como namorado conhecemos no começo, quando ele finalmente entra na vida e no coração da Kells (fiquei com inveja dela). É muito triste saber o quanto esse homem-tigre sofre na mão daquele feiticeiro perverso.

Mas desesperador mesmo é o final ─ e carregado com muito suspense. Eu literalmente saí correndo para comprar A Viagem do Tigre assim que terminei a leitura.


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Sobre Claudia Carvalho

É proprietária e autora do OUL. Interessada em literatura e ficção desde a infância, acredita que conhecimento existe para ser compartilhado.

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