#Resenha "Incendeia-me - Estilhaça-me #3", de Tahereh Mafi

Depois de ficar entre a vida e a morte, Juliette resolve largar sua incertezas e medos e ir atrás do que quer: matar o Comandante Supremo Anderson d'O Restabelecimento. Mas não poderá fazer isso sozinha. Mais que isso, ela sabe que sempre poderá contar com o apoio de Warner.

O Ponto Ômega foi bombardeado ─ ninguém sobreviveu. Do campo de batalha, sobraram apenas oito soldados da resistência: Kenji, Lily, Alia, Winston, Brendan, Castle, Ian e Adam, além do pequeno James. Juliette precisará do apoio dos seus amigos nessa batalha final, e uma estranha e poderosa aliança surge.

Saiba quem vencerá a batalha pelo controle do país em Incendeia-me, o emocionante último livro da trilogia Estilhaça-me.



Nenhuma arma, nenhuma espada, nenhum exército nem rei um dia será mais poderoso que uma frase. As espadas podem cortar e matar, mas as palavras vão golpear e ficar, enterrando-se em nossos ossos para virarem corpos mortos que carregamos para o futuro, sempre cavando e sem conseguir arrancar seus esqueletos de nossa carne.


Vou começar por Juliette. Essa menina me deu muito orgulho. Ferrars evoluiu muito e, como acontece com as maioria das pessoas, sua experiência de quase morte a fez perceber o quanto ela perdeu se segurando para que as pessoas ao seu redor pudessem se sentir mais confortáveis. O subtítulo "O medo vai aprender a me temer" não é exagero, ela realmente larga a menininha chorosa e conformada e se transforma numa mulher poderosa e segura, praticamente invencível. Vê-la desenvolver seu poder ao máximo e controlá-lo totalmente foi uma das coisas mais incríveis. Na verdade, vi em Juliette muito de quem fui e de quem sou ─ várias vezes tive que parar a leitura para refletir sobre mim. Amar Juliette muda Warner, a ponto de ele deixar sua casca de lado em alguns momentos. E de novo esqueço que ele tem 19 anos. O fato de ela acreditar em quem ele é na realidade o faz florescer de uma maneira muito bonita. Warner nunca teve escolha sobre sua vida, uma vez que ele não foi simplesmente abandonado por Anderson como Adam e James. Ele simplesmente "desligava" seus sentimentos para sobreviver. Ao lado de Juliette, novas possibilidades se abrem. Só que uma boa parte de sua evolução fica a cargo da imaginação do leitor.

Adam já havia me decepcionado em Liberta-me e me confundido em Fragmenta-me. Não pude acreditar que ele tivesse tão pouca empatia. As várias vezes em que ele gritou com Warner nos corredores do Ponto... Ele deveria compreender o motivo de seu meio-irmão ser daquela maneira, com um pai como aquele, mas Adam escolheu ser egoísta e só pensar no que ele sofreu, e que Juliette o machucou ao se afastar... tudo gira em torno do ego dele. Mas o modo como Kent lida com a situação em Incendeia-me... É sempre do jeito dele. Ele sabe o que é melhor para todos. Não importa a opinião dos outros, a razão é só dele. Todas as vezes que ele aparecia eu revirava os olhos e suspirava. O personagem não mudou, apenas temos a oportunidade de ver uma outra face sua. A diferença entre ele e Warner é que Warner já disse que não é orgulhoso de nada do que fez, mas Adam, mesmo errado, passa por cima de quantos forem e de quem for para provar sua razão. Orgulho é o nome do meio dele. Mas ao final ele tem algum entendimento das suas besteiras, e isso é muito bom.

As palavras são como sementes, eu acho, plantadas no nosso coração em uma idade tenra.
Elas criam raízes em nós conforme crescemos, acomodando-se profundamente na nossa alma. As boas palavras são boas plantações. Elas florescem e encontram morada no nosso coração. Elas criam troncos em volta da nossa coluna, estabilizando-nos quando nos sentimos frágeis, plantando nossos pés com firmeza quando estamos nos sentindo menos seguros. Mas as palavras ruins crescem mal. Nosso tronco é infestada e estragado até estarmos ocos e abrigando os interesses de outras pessoas e não os nossos. Somos forçados a comer os frutos que essas palavras geraram, mantidos como reféns pelos galhos que criam ramificações em volta do nosso pescoço, sufocando-nos até morrermos, uma palavra por vez.

Kenji é o melhor personagem! A amizade dele com Juliette é muito linda, eles realmente se amam como amigos e estão sempre dando suporte um ao outro. Também continua servindo como alívio cômico no meio de tanta tensão e suspense. Algumas das melhores cenas são as que Kenji Kishimoto está presente. Meu crush literário, sim!

As palavras tachadas já não existem mais, já que a protagonista não censura seus pensamentos e atitudes. Quase não percebi a mudança, de tão natural que se deu ─ o tachado aparecia o tempo todo em Estilhaça-me, diminuiu gradativamente em Liberta-me, e extinguiu-se em Incendeia-me, e todo esse processo foi perfeitamente orquestrado por Tahereh Mafi.

Sobre o final... A maior parte fica para o leitor imaginar, como o desenvolvimento de vários relacionamentos e personagens, mas não senti que faltava algo ─ tive a sensação de que a autora estava entregando a história nas minhas mãos e perguntando "O que você acha que acontecerá a partir daqui?". Se eu tivesse tempo, começaria a escrever uma fanfic agora mesmo!

A batalha é muito emocionante, os relacionamentos são intensos e pelo título era mais que óbvio com quem Juliette Ferrars ficaria no final. Com certeza uma das melhores distopias desta nova geração.


Classificação


Sobre Claudia Carvalho

É proprietária e autora do OUL. Interessada em literatura e ficção desde a infância, acredita que conhecimento existe para ser compartilhado.

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