#Resenha "Estilhaça-me - Estilhaça-me #1", de Tahereh Mafi

Após inúmeras catástrofes, humanas e naturais, o povo, na esperança de um mundo melhor, depositou sua confiança e seu dinheiro numa corporação chamada O Restabelecimento, que prometeu transformar o mundo num lugar melhor. Mas suas intenções não são exatamente boas. Eles pretendem destruir todos os livros e registros históricos para começar tudo do zero. Dizem que destruirão todos os motivos de guerra: culturas, idiomas, religiões. Eles criarão uma língua universal. Eles tem o controle de grande parte do mundo. E nada pode ficar em seu caminho.

Juliette Ferrars é um monstro aos olhos do mundo. Ela nasceu com a capacidade provocar dor e drenar a vida das pessoas involuntariamente através do contato com a pele. Seus pais a odeiam. Seus colegas. Os professores. Cada pessoa que ouve que não pode tocá-la a despreza. Juliette sempre tentou ganhar o coração deles dando o melhor de si na esperança de conquistar a afeição de alguém, mas nunca ninguém se importou. Aos 14 anos ela, acidentalmente, matou alguém apenas pelo toque. As autoridades acharam que seria mais seguro se a prendessem. Os pais a entregaram de bom grado e Juliette foi alvo de testes e tentativas de cura, até que desistiram e a trancafiaram numa cela me um hospício precário. E assim, dentro que um cubículo de concreto, ela tem passado os últimos três anos. Sem ver ninguém. Sem falar com ninguém.

Até que um dia alguém é jogado em sua cela. Adam, um garoto muito familiar, que faz perguntas demais. Seus olhos são familiares. Seu nome... Ela já ouvira aquele nome em algum lugar.

Alguns dias depois os guardas aparecem para levá-la. O Restabelecimento pretende usar sua maldição como uma arma. Juliette não quer matar pessoas, não quer torturar ninguém. Adam, o soldado infiltrado, é responsável por guardá-la. Warner, o responsável pela corporação na região pretende convencê-la, conquistá-la, para que ela mude de ideia.

Juliette pode ceder às pressões para ser um monstro ou permitir que Adam entre em sua vida, mesmo que ele a tenha esquecido. Qual lado escolherá? Poderia ela escapar das garras do poderoso Restabelecimento?


A verdade é uma amante maldosa e ciumenta que nunca dorme ─ é o que não digo para ele.

Tahereh Mafi nasceu no estado de Connecticut, filha mais nova da família de quatro irmãos mais velhos e seus pais são imigrantes do Irã. Formou-se na universidade de Irvine, Califórnia. Mais tarde, formou-se pela Universidade Soka em Aliso Viejo, Califórnia. Tahareh é fluente em oito línguas diferentes; estudou em Barcelona, Espanha um semestre na faculdade. Atualmente reside na Califórnia com seu marido e também escritor Ransom Riggs (O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares).

Só o título já me conquistou. Estilhaça-me é uma distopia interessantíssima. No início temos o drama pessoal de Juliette, trancafiada em um hospício sem ao menos ter algum problema mental. Ela muita vezes me lembrou a Vampira, dos X-Men, com a diferença que Julie precisa de muito menos para acabar matando alguém. O drama da falta de toque e calor humano e os outros sentimentos ganham um toque poético na escrita da autora.

Uma das coisas mais legais na escrita é quando Juliette tem um pensamento que ela considera errado ou que quer evitar: "Mas ele não sabe (que sou um monstro) meu segredo." As palavras de Mafi pintam cenários e sentimentos de forma brilhante.

Gostei da Juliette de cara. Ela é inteligente e boa, apesar de tudo, e conseguiu manter sua sanidade durante todos esses anos. Também não abre mão de seus valores morais.

Na ausência de relacionamentos humanos, criei laços com as personagens de papel. Vivi amor e perda por meio das histórias enredadas na história; experimentei a adolescência por associação. Meu mundo é uma teia entrelaçada de palavras, amarrando membro a membro, osso a tendão, pensamentos e imagens todos juntos. Sou um ser composto de letras, uma personagem criada por frases, um produto da imaginação fabricado por meio da ficção.

Warner é muito irritante. Tenho pena dele ─ ele parece ter uma história bem forte. A forma como ele está certo de que conseguirá trazer Juliette para o seu lado beira a doentia.

Adam é um caso muito particular, gostei dele desde que apareceu naquela cela. Talvez seus olhos azul cobalto tenham algo a ver com isso, por me lembrarem dos olhos de Ren (A Maldição do Tigre). Conforme fui conhecendo-o, mas gostava dele, a ponto de ele ter se tornado um dos meus crush literários, isso de nada acontecer nos próximos livros que estrague a imagem dele. Tudo acontece muito rápido, mas ao mesmo tempo, devagar. O livro tem trezentas páginas muito bem divididas em 50 capítulos e epílogo. Houve horas que era impossível parar de ler.

O mundo de Estilhaça-me é semelhante a vários que vemos: fome, guerra, meio ambiente destruído... Existe até uma máquina que dobra o tamanho ou a porção da comida, porém não é capaz de duplicar os valores nutricionais, ou seja, as pessoas ficam com deficiência nutricional, mas pelo menos não passam fome. Também há alimentos tão industrializados que acabam matando muita gente.

(Detalhe para essa capa, que é maravilhosa e combina muito com o livro.)

Estilhaça-me é uma distopia viciante cheio de surpresas e ação, e já teve seus direitos vendidos para adaptação para a TV.


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Sobre Claudia Carvalho

É proprietária e autora do OUL. Interessada em literatura e ficção desde a infância, acredita que conhecimento existe para ser compartilhado.

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