João Varella é jornalista e fundador da Editora Lote 42. É também blogueiro e criador do blog Trilhos Urbanos. Esse autor faz parte de uma geração de escritores que apresentam uma narrativa gracejada e divertida de ler e que dá a sensação de fazermos parte de seu relato. Jornalista e ligadíssimo em tecnologia, o autor fala do nosso tempo, um tempo em que há muito mais dúvidas do que certezas. Confiram a matéria sobre o autor no Caderno G da Gazeta do Povo.
Desde o início de sua carreira, o jornalista (atualmente é repórter da revista Isto É Dinheiro) e escritor João Varella arrumava jeitos de escrever ficção nas horas vagas. Em 2008, ele já tinha quase 60 páginas do livro A Agenda, lançado agora pela editora Novo Conceito, mas perdeu o trabalho: seu laptop foi roubado do apartamento onde morava em Curitiba, no bairro Cristo Rei. Depois do incidente, passou a registrar tudo no Google Drive (programa virtual que armazena arquivos), mas acredita que o “azar” acabou ajudando a dar o tom de sua narrativa, direta e experimental. É o primeiro trabalho de ficção do autor, que já havia lançado um trabalho jornalístico, Curitibocas, junto com a hoje mulher dele, Cecilia Arbolave.
Varella mudou-se de cidade (de Curitiba para São Paulo), de empregos, fundou uma editora, a Lote 42, e foi dando forma ao livro, que traz como protagonista a executiva Sandra, que comanda a área de marketing de uma grande empresa e é, igualmente, admirada e detestada. Ela também fica às voltas com sua vida amorosa, e cheia de outras frustrações. “A Sandra é uma mescla de pessoas e situações com as quais fui me deparando na vida. Como jornalista, não consigo me distanciar tanto do real”, contou o autor em entrevista por telefone à Gazeta do Povo.
Compromissos
Uma das problemáticas da história – o momento em que a protagonista perde a sua agenda de compromissos – também se relaciona com certa neurose de Varella em relação ao seu vasto arquivo de contatos telefônicos –, matéria-prima essencial para qualquer bom jornalista. “Sempre tive essa paranoia, esse medo de que alguém fizesse algo com a minha agenda, escrevesse em cima. É algo que fica no inconsciente”, afirma.
No romance ácido sobre a vida moderna, a linguagem direta, com altos e baixos bem marcados lembra um roteiro de cinema. Não é à toa: Varella utiliza técnicas cinematográficas para organizar o que escreve, estratégia que adotou após fazer um curso de roteiro em curta-metragem na PUCPR. “Faço um roteirinho da história e vou preenchendo a estrutura. Já sei para onde vai cada personagem, quais são as pistas. Com isso, consegui também driblar a falta de tempo para escrever”, relata. O autor também crê que o narrador que construiu não “tutela o leitor”. “Tem espaços em branco para tirar as próprias conclusões sobre a Sandra.”
Publicação
O livro de João Varella sai por um novo selo da editora Novo Conceito, o Novas Páginas, que será voltado para a publicação de autores brasileiros ainda inéditos. "A história da A Agenda é bem diferente do que eles vinham editando. Foi uma coragem muito bacana, fiquei muito grato de eles fazerem essa aposta."
Fonte: Gazeta do Povo; Blog Novo Conceito.
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