Há quanto tempo eu não postava nesse blog? Ainda mais uma resenha... Infelizmente houveram vários alguns problemas técnicos, mas em 2018 finalmente poderei voltar com mais conteúdo para os leitores!
A seguir você confere o melhor das minhas experiências de leitura deste ano de 2017, acompanhadas de uma breve resenha. Lembrando que a ordem não tem a ver com a qualidade dos livros, mas com as experiências proporcionadas. Ah, e se você se interessar por algum deles, pode usar o link "Compre na Amazon" de cada item para adquiri-lo ou a qualquer outro — assim, uma porcentagem do valor da compra será encaminhado para o blog. É sua forma de motivar a criação de conteúdo, e você não paga nada a mais por isso!
Vale destacar aqui que não li tantos livros e quadrinhos este ano pelo simples fato de que fui assolada por uma ressaca literária devastadora em janeiro que quase desgraçou meu ano, mas ainda consegui tirar bom proveito, apesar de tudo.
Confere aí:
10. Garota Replay, de Tammy Luciano
Subtítulo: O que você faria se encontrasse você mesma?
Editora: Novas Páginas (Novo Conceito)
Gênero: Literatura nacional, drama, romance, jovem adulto
Ano de Lançamento: 2012
Número de Páginas: 144
ISBN: 9788581630076
Sinopse
Thizi é uma garota do bem, apaixonada pela vida. Mas, após uma madrugada trágica, sente que tudo à sua volta desmorona. Descobre que Tadeu, seu namorado, beijou uma garota em uma noitada e quebrou o nariz de Tito, melhor amigo de Thizi, quando soube que ele fotografou a prova da traição. Na mesma noite, Tadeu dirigiu bêbado e causou grave acidente, que deixou o amigo Gabiru em coma. Em meio a tanta decepção, Thizi encontra uma Replay de si mesma, uma igual. Agora, não mais a única do planeta, ela se sente a pessoa mais solitária do mundo e precisa entender que só o amor tem o poder de provocar as melhores mudanças. Garota Replay trará reflexões para desvendar os segredos da vida de Thizi. E da sua também...
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Conheci Tammy Luciano na Bienal do Livro de São Paulo em 2013, que estava divulgando Garota Replay, seu livro de estreia — que acabei não comprando por causa de limitações do orçamento; cerca de dois anos depois, comprei GR e este ano finalmente o li.
A carioca Thizi, apesar de ter mais de 20 anos, acaba tendo um comportamento e uma visão do mundo um tanto boba (talvez porque ela seja rica, e gente rica no demora um pouco mais para amadurecer?). Ela não consegue diferenciar entre o que sente e o que quer e tem mais foco no presente que no futuro.
Nas primeiras páginas eu não dava nada para a história. Parecia algo genérico e quase bobo. Cheguei a me perguntar por que eu o estava lendo. Mas a história foi crescendo de forma emocionante e Luciano plantou um plot twist totalmente imprevisível que explodiu a minha cabeça e me fez ler daí até o final de uma só vez. Muita coisa é explicada a partir daí, a ponto de explicar algumas coisas que estranhei de início (como a passagem do tempo dentro da narrativa, por exemplo).
Apesar de não ser um grande livro (ele só está na lista por falta de obras melhores), tem potencial para dar um tapa na cara de muitas meninas (que são o público-alvo). Questionamentos sobre decisões e metas de vida são sempre bem-vindos.
Classificação
9. Fábulas, Vol. 18: Filhotes na Brinquedolândia, de Bill Willingham
Ilustrações: Mark Buckingham, Steve Leialoha e Gene Ha
Título Original: Fables, Volume 18: Cubs in Toyland
Hitórias originais: Fables 114 I-123 I
Tradução: Fabiano Denardin - "Fd" e Rodrigo Barros
Editora: Panini/Vertigo (DC Comics)
Gênero: Quadrinhos, aventura, suspense, fantasia
Ano de Lançamento: 2013 (EUA)/2014 (BR)
Número de Páginas: 196
ISBN: 789765351175418
Preço de capa: R$ 24,90
Sinopse
Inverno foi coroada como sendo o novo Vento Norte, mas tudo que sua irmã Teresa ganhou foi um barquinho de brinquedo tosco que a convidou para uma aventura mágica.
Mas a viagem de Teresa a leva até uma desolada praia onde jazem os brinquedos quebrados de Descártia. Enquanto o clã Lobo – liderado pelo filhote Dare – busca desesperadamente por Teresa, o que acontecerá com a garotinha quando descobrir a verdade sobre a Brinquedolândia? E qual o preço para salvar sua vida… e sua alma?
E aí chegou a profecia dos filhos da Branca de Neve e do Bigby Lobo, e deu um soco no estômago de todo mundo.
É agonizante ver o pequeno Dare passar pelas coisas que passa na história. É cruel, você que pegá-lo no colo e salvá-lo de seu destino, e não ser capaz de fazer isso me fez sentir péssima e desesperada. Eu chorei, e não foi pouco. Em posição fetal, inclusive.
Mas a Teresa... eu queria dar uma surra na cara dela. Porque tudo que acontece de desgraça é por culpa dela e do seu complexo de superioridade e mimadice. Fico com raiva só de lembrar.
Os brinquedos de Descártia são bizarríssimos e assustadores. Eles querem se salvar, e farão qualquer coisa para isso — até mesmo matar. Também, de certa forma, rola um pouco de canibalismo, mas não vou entrar em detalhes. Tanto os finais deles quanto o de Teresa são justos, mas não reerguem a imagem da menina, que só percebe quão problemático é seu comportamento após um fortíssimo choque de realidade.
Além de Filhotes na Brinquedolândia, existem mais dois arcos neste volume: Um Revolução em Oz, contada em paralelo a FNB, encerra a dominação de um déspota de Oz, libertando-a numa revolução liderada pelo macaco voador Bufkin e sua turma — a história é esquecível, servindo apenas para contrabalançar com o arco principal; Em O Jogo do Destino (arco em duas partes) descobrimos como Bigby recebeu como destino o seu "felizes para sempre" e como as personagens recebem seus fatos, algo que envolve a mitologia arturiana e mitologia grega... mas também é revelado que as valquírias nórdicas também existem, mas uma mitologia não anula a outra.
Filhotes na Brinquedolândia é um dos melhores arcos de Fábulas, um dos mais memoráveis e, definitivamente, o meu preferido.
Classificação
8. As Gêmeas, de Saskia Sarginson
Subtítulo: Elas eram idênticas em todos os sentidos, até que o impensável as separou.
Título Original: The Twins
Tradução: Sylvio Deustch
Editora: Novo Conceito
Gênero: Drama, romance
Ano de Lançamento: 2013 (UK), 2014 (BR)
Número de Páginas: 320
ISBN: 9788581633879
Sinopse
As gêmeas Isolte e Viola eram inseparáveis na infância, mas se tornaram mulheres muito diferentes: Isolte tem um emprego glamouroso em uma revista de moda de Londres, namora um fotógrafo e vive em um bairro descolado. Viola, desesperadamente infeliz, luta contra um transtorno alimentar e não faz questão de se ajustar a nenhum grupo. O que pode ter acontecido para levar as gêmeas a seguirem trajetórias tão desencontradas?
À medida que as duas jovens começam a reviver os eventos do último verão em família, terríveis segredos do passado vêm à tona – e ameaçam invadir suas vidas adultas.
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Neste ano estive com uma ressaca literária — causada pelo dono do primeiro lugar da lista — que simplesmente me impedia de apreciar qualquer livro da forma como eu gostaria (o que me fez recorrer a quadrinhos para conseguir cumprir minha meta de leitura deste ano), até ler As Gêmeas.
Os cenários são compostos cidade interiorana de Suffolk e a metrópole Londres, entre as décadas de 60 e 80, e a história é contada em dois pontos de vista: o de Isolte é contado em terceira pessoa e mais focado no presente, enquanto o de Viola é em segunda pessoa e centrado na infância das protagonistas, sendo essas as únicas sinalizações da troca de narradoras — o que achei preferível a colocar os nomes delas como placas o tempo todo, deixou a narrativa mais fluida e dinâmica.
Vale destacar que As Gêmeas é contado in medias res, ou seja, o livro começa no meio do conflito, informando-nos dos acontecimentos passados através de flashbacks.
Assim como Isolte e Viola, Saskia Sarginson também cresceu em Suffolk, e o afeto e carinho que ela sente pelo lugar transparece no cuidado como ela compõe as aventuras e o ambiente das crianças, e qualquer um que tenha passado a infância brincando no mato, subindo em árvores, correndo e com muito faz-de-conta vai sentir uma nostalgia deliciosa. Isso tudo fez com que eu esquecesse que havia um mistério em torno da condição de saúde atual de Viola e simplesmente desfrutasse daquele lugar tão vívido e envolvente que sinto que o conheço.
Sabe quando você tá adorando tanto um livro que não consegue parar de ler, mas quer ler devagar porque não quer largar dos lugares e das personagens? Eu mesma.
As reviravoltas são como socos no estômago, ao ponto de você se perguntar "Por que tem que ser assim? Por quê??"; a autora encontrou o equilíbrio entre fugir da previsibilidade e, ainda assim, dar ao leitor o que ele precisa para ficar satisfeito com a resolução.
O final é aberto até demais. Você pode deixar um final em aberto, mas ainda assim dar uma sensação de conclusão, mas não é o que acontece aqui. Parece um grande gancho para um próximo livro mas, até onde eu sei, Sarginson não planeja nenhuma continuação, então fiquei com essa sensação de quero mais que nunca será satisfeita. Mesmo assim, adoraria que a Novo Conceito trouxesse outros livros da autora.
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7. Mulher-Maravilha: O Espírito da Verdade, de Paul Dini
Ilustrações: Alex Ross
Título Original: Wonder Woman: The Spirit of Truth
Tradução: Jotapê Martins
Editora: Abril/DC Comics
Gênero: Quadrinhos, aventura, super-herói
Ano de Lançamento: 2001 (EUA), 2002 (BR)
Número de Páginas: 68
ISBN: 9788536400228
Preço de capa: R$ 12,90
Sinopse
A Mulher-Maravilha foi enviada de sua terra natal, Themyscira (a paradisíaca ilha onde vivem as amazonas da mitologia grega), ao mundo dos homens para ser embaixadora da paz e ensinar aos humanos comuns a verdade que eles não conseguem enxergar.
Mas a paz imbuída nessa verdade não pode ser conquistada sem conflitos e sem respeitar as diferenças culturais e sociais do mundo real, e isso é algo que a heroína aprende a duras penas nessa história.
Talvez a melhor leitura que tive de Mulher-Maravilha até agora. A princesa Diana quer espalhar mensagens de paz e mudar o mundo do patriarcado para algo mais justo e pacífico (como sua terra natal). Paul Dini entende o suficiente de sociologia para saber que a mudança em uma sociedade, para ser justa e eficaz, deve vir de dentro; e o suficiente de psicologia para entender que, para que uma pessoa comum compre a sua filosofia, ela precisa se identificar com você. Nenhum herói, por mais super que seja, pode nos salvar de nós mesmos — cabe a cada um abrir sua mente e ter coragem para mudar o que está errado em nosso meio. A mudança vem de dentro.
Um grande destaque para a arte de Alex Ross, que foge do modelo-padrão atual. Trouxe realidade e beleza à uma história que veio em um momento tão chocante (pouco depois dos atentados de 11 de setembro) — e que ainda serve para os dias de hoje. Gostaria de ver ilustrações artísticas assim com mais frequência.
Classificação
6. Os Deixados para Trás, de Tom Perrotta
Titulo Original: The Leftovers
Tradução: Rubens Figueiredo
Editora: Intrínseca
Gênero: Drama, distopia
Ano de Lançamento: 2011 (EUA), 2012 (BR), 2014 (BR - Capa da Série)
Número de Páginas: 292
ISBN: 9788580574173
Sinopse
O que aconteceria se, de repente, sem nenhuma explicação, pessoas simplesmente desaparecessem, sumissem no ar? É o que os perplexos moradores de Mapleton, que perderam muitos vizinhos, amigos e companheiros no evento conhecido como Partida Repentina, precisam descobrir.
Desde o ocorrido nada mais está do mesmo jeito — nem casamentos, nem amizades, nem mesmo o relacionamento entre pais e filhos. O prefeito da cidade, Kevin Garvey, quer acelerar o processo de cura, trazer um sentimento de esperanças renovadas e propósito para sua comunidade traumatizada. Ainda que sua família tenha sido desfeita com o desastre: sua esposa o deixou para se juntar a um culto cujos membros fazem voto de silêncio; seu filho, Tom, abandonou a faculdade para seguir um profeta duvidoso chamado Santo Wayne; e sua filha adolescente, Jill, não é mais a dócil estudante nota dez que costumava ser. Em meio a tudo isso, Kevin ainda se vê envolvido com Nora Durst, uma mulher que perdeu toda a sua família no 14 de Outubro e continua chocada com a tragédia, apesar de se esforçar para seguir adiante e recomeçar a vida.
Com emoção, inteligência e uma rara habilidade para enfatizar os problemas inerentes à vida comum, Tom Perrotta escreve um romance impressionante e provocativo sobre amor, conexão e perda.
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A sensação que tive ao ler The Leftovers foi que Perrotta fez um experimento — construiu várias "pessoas", colocou-as em um aquário de formigas e chacoalhou. E que experimento social!
Li o livro antes de assistir a série e, como sempre, prefiro o livro. Sinto que os personagens foram mexidos só para entrar na fórmula-padrão da HBO. O modo como mudaram quem Tom Garvey é me deixou magoada, porque ele faz coisas na série que não faria no livro. Parei de assistir no começo da primeira temporada e não sei se vou querer continuar — ao menos por enquanto.
É engraçado como a religião e a superstição são coisas naturais ao ser humano. Adoramos acreditar em coisas que não podemos provar (seja em deuses ou teorias da conspiração), e quando ninguém consegue explicar algo, a religião tem a resposta. Afinal, vivemos dessa forma por milhares e milhares de anos, explicando as coisas ao nosso redor com histórias sobrenaturais, antes que a ciência crescesse e começasse a provar as coisas. Mas sempre haverá espaço para as duas coexistirem, porque a ciência é humana e, como tudo criado pelo ser humano, é limitada; então sempre haverá perguntas não respondidas e, consequentemente, algum deus para respondê-las.
Mas não é só de crenças que Os Deixados para Trás é feito.
Mapleton é um lugar muito real, e os personagens poderiam facilmente ser algum conhecido. As personagens são concretas — os problemas delas são os mesmos que os nossos — e tão complexas que, mesmo ao final, você sente que não as conhece inteiramente — não porque elas não são bem desenvolvidas (elas são), mas porque parece que há muito mais do que foi mostrado nas 292 páginas.
Aqui o final fica em aberto mas, ao contrário do que acontece em As Gêmeas, dá um sentido de conclusão, com um sentimento realisticamente positivo.
Se você estiver procurando um livro rápido e divertido, não vai encontrar aqui. Como toda obra que trata de analisar sociedades sob olhares críticos (vide Morte Súbita), a história pode parecer que não vai a lugar algum e o ritmo é pacato é muitos momentos; o que faz o leitor avançar são os protagonistas e a curiosidade dos pequenos mistérios da trama.
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5. Mar da Tranquilidade, de Katja Millay
Título Original: The Sea of Tranquility
Tradução: Carolina Alfaro
Editora: Arqueiro
Gênero: Drama, romance, jovem adulto
Ano de Lançamento: 2012 (EUA), 2014 (BR)
Número de Páginas: 368
ISBN: 9788580413250
Sinopse
Nastya Kashnikov foi privada daquilo que mais amava e perdeu sua voz e a própria identidade. Agora, dois anos e meio depois, ela se muda para outra cidade, determinada a manter seu passado em segredo e a não deixar ninguém se aproximar.
Mas seus planos vão por água abaixo quando encontra um garoto que parece tão antissocial quanto ela. É como se Josh Bennett tivesse um campo de força ao seu redor. Ninguém se aproxima dele, e isso faz com que Nastya fique intrigada, inexplicavelmente atraída por ele.
A história de Josh não é segredo para ninguém. Todas as pessoas que ele amou foram arrancadas prematuramente de sua vida. Agora, aos 17 anos, não restou ninguém. Quando o seu nome é sinônimo de morte, é natural que todos o deixem em paz. Todos menos seu melhor amigo e Nastya, que aos poucos vai se introduzindo em todos os aspectos de sua vida.
À medida que a inegável atração entre os dois fica mais forte, Josh começa a questionar se algum dia descobrirá os segredos que Nastya esconde – ou se é isso mesmo que ele quer.
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Mar da Tranquilidade é um jovem adulto fora da curva. Os personagens são mais reais que idealizados, os dramas de Nastya e Josh não são os mesmos problemas repetidos de outros livros e tudo isso fez com que eu me apegasse ao livro, apesar na já mencionada ressaca literária.
A narrativa é contada em primeira pessoa do ponto de vista dos dois protagonistas, intercalados de forma dinâmica e tudo é contado no seu devido tempo, construindo um suspense que não decepciona no final; final esse que é aberto, mas concludentíssimo. Ao contrário de As Gêmeas e The Leftovers, uma continuação é desnecessária, acho que estragaria a história que, aliás, daria uma ótima série — Alô, Netflix!
Vou ficar nesses três parágrafos de resenha, porque acho que quanto você menos souber sobre o livro, melhor vai ser a leitura.
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4. O Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brontë
Subtítulo: O amor nunca morre
Título Original: Wuthering Heights
Tradução: Ana Maria Chaves
Editora: Lua de Papel (Leya)
Gênero: Drama, romance, clássico
Ano de Lançamento: 1847 (UK), 2009 (BR - Lua de Papel)
Número de Páginas: 200
ISBN: 9788563066022
Sinopse
Na fazenda chamada Morro dos Ventos Uivantes nasce uma paixão devastadora entre Heathcliff e Catherine, amigos de infância e cruelmente separados pelo destino. Mas a união do casal é mais forte do que qualquer tormenta: um amor proibido que deixará rastros de ira e vingança. "Meu amor por Heathcliff é como uma rocha eterna. Eu sou Heathcliff", diz a apaixonada Cathy. O único romance escrito por Emily Brontë e uma das histórias de amor mais belas de todos os tempos, O morro dos ventos uivantes é um clássico da literatura inglesa e tornou-se o livro favorito de milhares de pessoas.
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O Morro dos Ventos Uivante é uma leitura que pode ser resumida a uma palavra experiência — uma experiência de leitura incrível que todos deveriam ter ao menos uma vez na vida.
A primeira parte é um romance doentio entre dois personagens propositalmente cheios de defeitos e difíceis de gostar, que infecta todos ao redor. Catherine e Heathcliff são uma praga viciosa também para si mesmos, e todos os seus defeitos individuais levam a queda de ambos. É sofrível (de uma forma boa) para o leitor acompanhar os dois se construírem dessa forma.
A segunda parte, com destaque aos descendentes de Cathy e Heathcliff, é pura consequência, um carma cruel e contagioso.
Por causa de toda essa carga de negatividade, o livro foi bem rejeitado na época de seu lançamento (séc. XIX), só para hoje se tornar um clássico da literatura inglesa — em muito devido a poesia narrativa e a singularidade do enredo.
Já ouviu o assobio do vento selvagem da tempestade? É isso que essa história é. Mas não se preocupe, a calmaria vem no final.
Classificação
Menção Honrosa: Harry Potter e o Cálice de Fogo, de J.K. Rowling
Título Original: Harry Potter and the Goblet of Fire
Tradução: Lia Wyler
Editora: Rocco
Gênero: Fantasia, aventura, suspense
Ano de Lançamento: 2000 (UK), 2001 (BR), 2012 (BR - Edição com Capa Branca)
Número de Páginas: 535
ISBN: 9788532527875
Preço de Capa: R$ 58,50
Sinopse
É tempo de férias de verão e, certa noite, Harry Potter acordou com a cicatriz ardendo intensamente. Teve um sonho estranho, sobre o qual não conseguiu parar de pensar, até receber o convite dos Weasley para assistir à Copa Mundial de Quadribol.
Não foi fácil convencer seu tio Válter a deixá-lo passar o resto das férias na casa da família Weasley, mas, ultrapassada esta barreira, Harry começou a vibrar com todas as emoções que envolvem um jogo internacional de quadribol. A magia acontece... e é real o deslumbramento de nosso bruxinho diante das extraordinárias equipes, que se confrontam numa emocionante partida. No entanto, uma coisa terrível acontece e lança uma sombra sobre tudo.
O recomeço de mais um ano letivo na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts vem amenizar os temores de Harry e seus amigos. Mas um evento que reúne várias escolas vai testá-los: estarão eles prontos para tudo que lhes é reservado?
Não coloquei HPCF porque é uma releitura (ou seria uma re-releitura?), e me pareceu injusto classificá-lo junto com outros que foram lidos pela primeira vez.
Harry Potter e o Cálice de Fogo é o meu preferido da saga (embora o melhor seja O Enigma do Príncipe) porque o universo bruxo, antes confinado ao Reino Unido, se estende por todo o mundo, com uma citação da escola de magia brasileira — naquela época sem nome, mas hoje sabemos que se chama Castelobruxo.
É interessante como J.K. Rowling nos apresenta coisas para só lá na frente nos explicar. Aqui é a primeira vez que vemos um Patrono ser enviado como mensageiro, mas o Harry não entende o que é e, por consequência, também nós não. Esse evento só vai se repetir no início último livro, Harry Potter e as Relíquias da Morte.
Engraçado como, nas redes sociais, as pessoas dizem que o Rony "venceu a friendzone", mas esse é um erro cometido por quem não leu os livros. A verdade é que a Hermione já gostava do Rony (arrisco que desde a aula de wingardium leviosa no primeiro livro), mas ele só "percebe" que gosta dela quando a vê saindo com seu ídolo de quadribol — aspas porque ele não entende o que sente, e talvez por isso sua reação é uma crise de ciúmes ridícula e afrontosa. A gente acaba esquecendo o quanto esse Weasley mudou e amadureceu no curso da história.
Harry Potter não é mágico por causa da magia, mas da realidade impregnada na ficção e na complexidade de personagens com os quais você daria tudo para trocar uma ideia na vida real.
Encerro agora (poderia falar sobre esses livro o dia inteiro) com a minha citação favorita de toda a série:
"Lembrem-se, se chegar a hora de terem de escolher entre o que é certo e o que é fácil, lembrem-se do que aconteceu com um rapaz que era bom, generoso e corajoso, porque ele cruzou o caminho de Lorde Voldemort. Lembrem-se de Cedrico Diggory." — Alvo Dumbledore, pág. 527
Classificação
3. O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry
Título Original: Le Petit Prince
Tradução: Frei Betto
Editora: Geração Editorial
Gênero: Fantasia, fábula, drama, filosofia
Ano de Lançamento: 1943 (EUA), 2000 (BR - Editora Agir), 2015 (BR - Geração Editorial)
Número de Páginas: 168
ISBN: 978-8581303086
Sinopse
Um piloto cai com seu avião no deserto e ali encontra uma criança loura e frágil. Ela diz ter vindo de um pequeno planeta distante. E ali, na convivência com o piloto perdido, os dois repensam os seus valores e encontram o sentido da vida.
Com essa história mágica, sensível, comovente, às vezes triste, e só aparentemente infantil, o escritor francês Antoine de Saint-Exupéry criou há 70 anos um dos maiores clássicos da literatura universal. Não há adulto que não se comova ao se lembrar de quando o leu quando criança.
Trata-se da maior obra existencialista do século XX, segundo Martin Heidegger. Livro mais traduzido da história, depois do Alcorão e da Bíblia, ele agora chega ao Brasil em nova edição, completa, com a tradução de Frei Betto e enriquecida com um caderno ilustrado sobre a obra e a curta e trágica vida do autor.
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Ah, o famoso principezinho... Finalmente li sua história. É engraçado como a maioria das pessoas acham respostas para seus problemas nesse (fisicamente) pequeno livro. A verdade é que, em Saint-Exupéry, sinto que encontrei meu igual... compartilhamos filosofias de vida muito semelhantes.
Mas O Pequeno Príncipe ainda foi capaz de me surpreender, com destaque para o momento de iluminação em que descobrimos que as coisas não são importantes — nós é que lhes damos importância, e sem isso são só coisas. O valor é algo com o qual nascemos, mas algo que nos é atribuído. E me dar conta disso encheu meu espírito de serenidade.
Não recomendo esse livro para crianças, pois algumas mensagens podem ser mal-entendidas. A questão da Rosa do Príncipe é um exemplo, já que não são todas as rosas que gostam de ficar em redomas como a dele. Repito: O Pequeno Príncipe não é um livro infantil (embora possua elementos dessa literatura), mas de filosofia para adolescentes e adultos.
Nesta edição em particular, após a história nos é apresentada uma biografia do autor que, a meu ver, é uma grande história por si só. Aliás, é através dela que sabemos que cada personagem da fábula foi inspirada em uma pessoa próxima a ele. Sabendo disso, o planeta do Pequeno Príncipe pode simbolizar nada mais, nada menos, que o mundo particular de Antoine de Saint-Exupéry, e o Pequeno Príncipe é sua versão criança banida para os confins de seu universo interior que precisa partir, como um símbolo da morte na inocência de Saint-Exupéry perante os terrores da Segunda Guerra, na qual ele lutou contra os nazistas e na qual morreu, lutando contra o regime perverso de Adolf Hitler.
Classificação
2. Cruzando o Caminho do Sol, de Corban Addison
Título Original: A Walk Across the Sun
Tradução: Mariângela Vidal Sampaio Fernandes
Editora: Novo Conceito
Gênero: Drama, romance policial
Ano de Lançamento: 2011 (EUA), 2012 (BR)
Número de Páginas: 447
ISBN: 9788581630090
Sinopse
Sita e Ahalya são duas adolescentes de classe média alta que vivem tranquilamente junto de seus familiares, na Índia. Suas vidas tranquilas mudam completamente quando um tsunami destrói a costa leste de seu país, levando com suas ondas a vida dos pais e da avó das meninas. Sozinhas, elas tentam encontrar um modo de recomeçar a vida. Mas elas não devem confiar em qualquer um...
Enquanto isso, do outro lado do mundo, em Washington, D. C., o advogado Thomas Clarke enfrenta uma crise em sua vida pessoal e profissional e decide mudar radicalmente: viaja à Índia para trabalhar em uma ONG que denuncia o tráfico de pessoas e tenta reatar com sua esposa, que o abandonou.
Suas vidas se cruzarão em um cenário exótico, envolto por uma terrível rede internacional de criminosos.
Abrangendo três continentes e duas culturas, Cruzando o Caminho do Sol nos leva a uma inesquecível jornada pelo submundo da escravidão moderna e para dentro dos cantos mais escuros e fortes do coração humano.
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Não dava nada por esse livro no início. Durante a leitura, pensei em como era bom, mas não para tanto. Mas agora ele me soa ótimo, principalmente para um livro de estreia escrito por um advogado.
Apesar de falar sobre o tráfico humano de duas garotas, a história não se prende somente ao mercado negro sexual, mas também na escravidão moderna e no tráfico de drogas. E, mesmo com um "final feliz", temos a sensação clara de que os casos de Ahalya e Sita são extremamente raros, e que coisas como tráfico de pessoas para qualquer fim ocorre todos os dias, com uma frequência maior do que gostaríamos de admitir. Ao contrário da novela Salve Jorge (Globo, 2012-2013), que tinha como tema central o tráfico de mulheres, as coisas não ficam extraordinárias e hollywoodianas (ou deveria dizer "globais"?), e a sensação de realismo é muito mais forte.
Em paralelo, temos o advogado Thomas tendo que lidar com problemas pessoais e com seu relacionamento com sua quase-ex-esposa. São conflitos coerentes, que ajudam a atenuar o tom quando as coisas ficam pesadas na trama principal, mas sem tirar o foco do que realmente importa.
Cruzando o Caminho do Sol é uma leitura ótima e envolvente, especialmente para quem quer começar a entender o tráfico humano.
Classificação
1. A Bússola de Ouro + A Faca Sutil, de Philip Pullman
Título Original: Northern Lights
Tradução: Eliana Sabino
Editora: Objetiva
Gênero: Fantasia, aventura, mistério
Ano de Lançamento: 1995 (UK), 1998 (BR - 1ª Ed.), 2007 (BR - 3ª Ed.)
Número de Páginas: 365
ISBN: 9788573028423
Preço de Capa: R$ 34,90
Sinopse
O primeiro volume da trilogia Fronteiras do Universo, de Philip Pullman, se passa em um mundo muito parecido com o nosso — mas com algumas curiosas diferenças. Ciência e religião se confundem. Todo ser humano possui um daemon, um animal inseparável que na infância toma várias formas. E existe um raríssimo objeto que aponta a verdade, mas ninguém sabe fazê-lo funcionar.
Lyra é uma menina levada que vive na tranqüila cidade universitária de Oxford, na Inglaterra. Lá, crianças começam a desaparecer. E quando seu grande amigo Roger, some, Lyra parte em sua busca, disposta a desafiar seus próprios temores.
Na paisagem árida do Norte, onde tenta encontrar Roger, Lyra enfrenta uma terrível conspiração que faz uso de crianças-cobaias em sinistras experiências. Entre ursos usando armadura e bruxas que sobrevoam as sombrias geleiras, Lyra terá que fazer alianças inesperadas se quiser salvar o amigo de seu trágico destino.
Título Original: The Subtle Knife
Tradução: Eliana Sabino
Editora: Objetiva
Gênero: Fantasia, aventura, mistério
Ano de Lançamento: 1996 (UK), 1999 (BR - 1ª Ed.), 2007 (BR - 3ª Ed.)
Número de Páginas: 300
ISBN: 9788573028430
Preço de capa: 41,90
Sinopse
Will, um garoto de 12 anos, maduro para sua idade, vive em Oxford. Ele precisa tomar conta da mãe, que tem problemas mentais. Quando mata um homem acidentalmente, ele decide fugir e tentar descobrir a verdade sobre o desaparecimento de seu pai, um explorador do Ártico. Desolado e sem ter para onde ir, Will segue os passos de um gato e, sem querer, atravessa a janela para um outro mundo. Lá ele conhece a impetuosa Lyra e seu daemon Pantalaimon.
Cittagàzze é um mundo semelhante aos de Will e Lyra, mas em vez de pessoas, quem percorre suas ruas são espectros mortais, devoradores de almas. O rufar das asas de Anjos distantes ecoam no céu. É aí, escondida na Torre dos Anjos, que se encontra a faca sutil, um poderoso talismã capaz de cortar o nada e abrir brechas para outros mundos. Para conseguir esta arma, seres de todo o universo são capazes de qualquer coisa - até de matar.
Juntos, Will e Lyra vão de mundo em mundo, procurando as relações entre o misterioso Pó, as pontes que ligam os mundos, anjos seres supremos e as forças cósmicas. Somente com estas informações é que poderão lutar para salvar o universo e encontrar o pai de Will.
No primeiro lugar coloquei a leitura que mais me impactou esse ano — quer melhor escolha do que uma história que me deixou de ressaca por quase um ano inteiro?
Os mundos, a mitologia e os personagens criados por Pullman são muito cativantes, e o suspense é de arrancar de fazer ficar sem unhas. Li em cerca de 24h cada livro de tanto que me envolvi. Esses britânicos escrevem fantasias incríveis! As crianças são tratadas como seres muito capazes, e cada um dos mundos para extenso e riquíssimo, embora não vejamos muito deles.
Dois avisos importantes. Primeiro: existem duras críticas a atos da Igreja Católica (e de outras religiões que os reproduzam) então ,se você tem algum tipo de problema com isso, talvez essa não seja uma leitura para você. Segundo: apesar de os protagonistas serem crianças (e apesar daquele filme infantil), pelo amor de qualquer coisa que você acredite, não o dê para alguém com menos de 13/14 anos.
Eu considero a série Fronteiras do Universo, uma resposta a As Crônicas de Nárnia, de C.S. Lewis — em A Faca Sutil, a história de Will, inclusive, é muito semelhante a de Digory em O Sobrinho do Mago. Outra fonte de inspiração para o segundo livro pode ser a obra O Senhor das Moscas, de William Golding.
Fronteiras do Universo faz parte daquele grupo de livros que quanto menos você souber antes de ler, melhor. Ainda não li o terceiro livro, mas o farei assim que colocar minhas mãos nele.
Classificação
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Feliz Ano Novo!
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