#Resenha "A Máquina de Contar Histórias", de Maurício Gomyde

Vinícius Becker é um renomado escritor brasileiro, com best-sellers traduzidos para diversas línguas. Quando lhe perguntam qual o segredo do sucesso de suas histórias e se ele se baseava em suas próprias experiências para contá-las, a resposta era sempre: "Jamais conseguiria escrever sobre algo que não conheço", e coisas do gênero.

Desde quando sua esposa Viviana descobrira sofrer de leucemia, pouco tempo após o nascimento de Vida, a caçula do casal, há quatro anos e meio, Vinícius se afundou cada vez mais em seu trabalho, cada vez mais ausente da vida de Vivi, Vida e da primogênita Valentina, de 16 anos. Ele escrevia para impressionar os leitores e vender, sem se preocupar se viva ou não o que colocava em seus livros.

Um dia, após a festa de lançamento de sua nova obra, A Máquina de Contar Histórias, recebe a notícia de que a esposa, o amor de sua vida, falecera sozinha num quarto de hospital. Vinícius volta para casa às pressas e consegue chegar para a última parte do enterro. Valentina discursava sobre a mãe, e atirou folhas de papel no túmulo: o livro que as duas haviam escrito juntas. O pai jamais imaginara que a filha demonstrasse algum interesse na escrita.

Ele tenta conversar com a mais velha no carro e ao chegar em casa, mas ela estava furiosa. Seu pai não esteve por perto quando a companheira adoecera, piorara e falecera. Ele não esteve presente pelos últimos quatro anos. Não sabia nada sobre ela e Vida. O homem trocara a família pela carreira e nem ao menos conhecia suas próprias filhas.

Procure o seu estilo. Entre nele e vá até o fim. Seja o melhor naquilo que escolher.

Viviana, o coração da família V, se fora. Vinícius precisava encontrar uma maneira de reconquistar o que restara de sua família. Mas... como? Procurando saber mais sobre a primogênita, ele encontra um vídeo no computador da garota: os últimos desejos de sua esposa.

Assim, a família embarca para a Europa, numa jornada em busca do amor, do perdão e da aceitação.
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Maurício Gomyde
Maurício Gomyde é natural de São Paulo e vive em Brasília. Lançou de forma independente os livros Mundo de Vidro, Ainda não te disse nada, O rosto que precede o sonho e Dias Melhores Para Sempre, sendo A Máquina de Contar Histórias o primeiro a ser lançado através de uma editora. Além de escritor também é compositor por hobby, e você pode ouvir suas músicas no site.

Confesso que não me senti atraída pelo livro de primeira. Imaginei mil e uma tramas para o título "A Máquina de Contar Histórias", e nenhuma me pareceu muito promissora. Depois de alguma relutância, me dei ao trabalho de ler a sinopse. Não me parecia uma ruim, mas não conseguia me convencer. Até que li uma resenha sobre ele é acabei conquistada. Entrei num sorteio do blog Lost Girly Girl e consegui ganhar o exemplar cortesia da editora Novo Conceito.

Achei que iria ficar com raiva do protagonista, que iria odiá-lo pelo que ele fez e deixou de fazer com sua família. Mas não consegui. A história é contada pelo personagem em primeira pessoa, e sentimos uma rápida conexão com ele e torcemos para que consiga restaurar sua família e reconquistar sua filha mais velha.

Valentina é o retrato da adolescente que não é cabeça de vento: é madura, com sabedoria para enxergar as coisas como são, ama livros, Beatles, Anne Hathaway, Londres e não se importa com coisas fúteis como a maioria das meninas de sua idade.

No fundo, as pessoas não compram autores, não compram livros. Compram a emoção que a história promete proporcionar. O que cada leitor quer é, durante a imersão no mundo criado pelo escritor, esquecer-se dos problemas, angústias e tragédias do dia-a-dia. Ou, ainda que por alguns instantes, experimentar uma vida diferente da sua realidade.

Vida é uma fofa. É a ligação entre Vinícius e Valentina, e tem uma rara inocência se comparada com as crianças de sua faixa de idade. Não odeia o pai - a mente dela ainda é incapaz de produzir tal sentimento. A personagem foi muito bem construída: tem reações naturais de uma criança de quatro anos e suas frases bobas me fizeram sorrir pela fofura.

Nunca tinha ouvido falar do Gomyde antes, é a primeira obra de suas obras que leio e valeu muito à pena ter dado uma chance ao autor. Me identifiquei muito e chorei demais. É um livro para a família - para pais e filhos.

A Máquina de Contar Histórias nos ensina que não basta amar - é preciso demonstrar o quanto amamos, e que todos merecem uma segunda chance.

Classificação
Maravilhoso

Sobre Claudia Carvalho

É proprietária e autora do OUL. Interessada em literatura e ficção desde a infância, acredita que conhecimento existe para ser compartilhado.

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