Clarissa Fray é uma garota de quase 16 anos, baixinha e ruiva,
que mora sozinha com sua mãe Jocelyn Fray em um prédio no Brooklyn, já que seu
pai falecera antes que sua mãe desse à luz. Porém Luke, uma grande amigo da
família, acompanhou todo o seu crescimento, tomou o posto de figura paterna
para ela.
Clary também tem um amigo, Simon, e essa amizade existe a
mais de dez anos. A vida de Clarissa é como a de qualquer outra pessoa, até que
ela avista, quando vai à boate Pandemônio junto com o amigo, dois homens, um
loiro e outro moreno, armados com facas e perseguindo sorrateiramente um menino
de cabelos azuis e uma menina de pele morena. E o pior de tudo: além dela,
ninguém mais consegue enxerga-los! Resolve então mandar Simon pedir ajuda
enquanto seguia os garotos.
Encontra-os dentro de um depósito de entrada proibida, o
garoto de cabelo azul, amarrado numa coluna, e a garota estava ao lado dos
outros dois, interrogando-o. Falavam sobre “demônios”, “Valentim”, “Mundos
Infernais” e “Anjo”. Clary pensou que fossem assassinos psicopatas, e tenta
impedir o assassinato, deixando-os surpresos, principalmente com o fato de ela
conseguir enxergá-los. O loiro, Jace Wayland, tenta explicar a ela, com seu jeito
rude, que o refém não é um humano, mas um demônio. A morena, Isabelle
Lightwood, e seu irmão Alec, tentam fazê-lo expulsar a garota, que ameaça
chamar a polícia. Nesse momento de distração o demônio consegue se libertar e
ataca Jace, mas eles conseguem dar um jeito de mata-lo e, diante dos olhos de
uma Clary surpresa, o derrotado simplesmente desaparece. Eles voltam a
discutir, se perguntando por que uma mundana tem a Visão. Mas antes que cheguem
a um consenso Simon, acompanhado de um segurança, irrompe no depósito e
pergunta a ela onde estão as pessoas armadas, sendo que elas estão bem ao lado
da amiga. Se torna óbvio quem ninguém além dela ode vê-los, e isso a deixa
confusa, visto que não acredita em seres de outro mundo, e os amigos acabam
sendo expulsos da boate pelo transtorno.
Se havia uma coisa que ela [Clary] estava aprendendo com tudo isso era a facilidade com que é possível perder tudo que se pensa que será para sempre.", Pág. 159
Clary tenta esquecer o ocorrido, mas é difícil se esquecer
de algo tão surreal. No dia seguinte, ela tenta abordar o assunto com Luke, mas
ele acha que está se referindo ao seu talento artístico – a garota, assim como
a mãe, desenha muito bem. Então Jocelyn chega com uma notícia: se mudarão para
uma pequena fazenda que Luke comprara. Claro que a jovem não reage bem, e acaba
saindo abruptamente de casa e vai com Simon para um café, onde reencontra Jace,
que tenta convencê-la do mundo oculto, e que Caçadores de Sombras, como ele,
realmente existem, mas uma ligação atrapalha a conversa – Jocelyn Fray foi
sequestrada por uma pessoa misteriosa. Sem saber o que fazer e com Luke
determinado a ficar longe dela, Clary só poderá contar com a ajuda dos
Caçadores de Sombras para rever sua mãe. Contudo, mais do que ajuda, a ruiva
vai encontrar um lugar desconhecido e fascinante e, quem sabe, um amor.
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Cassandra Clare |
Cassandra Clare nasceu no Irã, filha de americanos, e já
viveu na França, Inglaterra e Suíça, se fixando, finalmente, nos EUA – primeiro
em Los Angeles, e depois em Nova York. Começou trabalhando para revistas de
entretenimento e tabloides, escrevendo sobre celebridades. Em 2004 começou a
escrever a série Os Instrumentos Mortais,
abandonando as revistas em 2006 para se dedicar inteiramente à escrita, e
garante – não deixará de escrever sobre os Caçadores de Sombras tão cedo.
Fiquei conhecendo a série de livros através de Jamie
Campbell Bower, o intérprete de Jace no filme Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos. Eu era totalmente
Twilighter na época e acompanhava os trabalhos dos atores (para os desavisados,
Jamie interpretou o vilão Caius Volturi da saga Crepúsculo), e fiquei sabendo que ele estrelaria o filme. Dei uma
pesquisada e descobri que era baseado em um livro, mas não tive a oportunidade
de compra-lo até o dia do meu aniversário de 18 anos, e como estava cheia de
livros na lista, demorou quase dois meses para que finalmente chegasse a vez
dele.
Os Instrumentos Mortais tem como protagonista Clary, que não
se acha bonita. Estava preparada para os famosos mi-mi-mis “sou assim”, “sou
assada”, “fulana é tão mais bonita do que eu” e “beltrano é bom demais pra
mim”. Só que esse receio, no fim, foi em vão. Clary só se sente “inferior”
quando ocupa o mesmo ambiente de Isabelle – a linda, alta, maravilhosa,
corpo-de-supermodelo Isabelle. Mas esse sentimento é tão diminuto que até
esquecemos que Clary não se considera nada bonita (especialmente por ser
baixinha e não ter curvas). Ela não tem pena de si mesma, apenas lamenta não ser
tão bonita como a mãe. A autora soube administrar muito bem a personalidade da
protagonista.
Simon é aquele amigo leal, e está mais do que na cara que
ele sente algo a mais pela amiga – tanto que, antes de ela sair do café para
falar com Jace, podemos perceber que ele quase se declara. É descrito como um
“geek fofo”, mas acredito que ele não tem chance com ela. Afinal, dá pra
competir com Jace Wayland?
Jace é o bad boy do bem, é sincero (coisa que ele e Simon
têm em comum) habilidoso, lindo e convencido. É órfão e assistiu o pai ser
assassinado por feiticeiros quando era criança. O que me surpreendeu foi como
ele, aos poucos e sutilmente, se apaixona por Clary, e a faz se apaixonar por
ele. Fiquei mais surpresa ainda quando percebi que ele também havia me
conquistado. Clary e eu não gostamos de caras convencidos, mas acabamos
totalmente fisgadas. Jace é um mocinho diferente dos que encontramos por aí, e
me fez lembrar Mr. Darcy, de Orgulho e
Preconceito: arrogante à primeira vista e lindo.
– Se você insiste em repudiar aquilo que é disforme sobre o que fazem [...], nunca aprenderá com os próprios erros.", Pág. 227
Partindo do princípio “todas as histórias são verdadeiras”,
Cassandra Clare desenvolveu uma trama incrível, com anjos, lobisomens,
vampiros, feiticeiros, fadas, zumbis, demônios, bruxas, outros mundo e, é
claro, os nephilim Caçadores de Sombras, com armas místicas e tatuagens
poderosas. Clare é um nome da literatura fantástica em ascensão. Assim como em
Harry Potter de J.K. Rowling, ela criou um mundo escondido dentro do nosso,
cheio de peculiaridades e mistérios, e é possível notar como a autora é
familiarizada com este mundo, e como fica à vontade com a história.
Mas devo dizer que algo me incomodou: as dicas “escancaradas”
que autora dá – parece que tem spoiler do livro no próprio livro! Por exemplo,
o fato de Alec não gostar de Jace perto de Clary, e como reclama que está sendo
deixado muito de lado, já que ele e J são parabatai (algo como melhores amigos
Caçadores, cujo um morreria pelo outro sem pensar duas vezes). E então um
segredo relacionado ao moreno é revelado, mas estragou o a surpresa pelo fato
de a autora não ter conseguido ser sutil. Porém, de alguma forma, essas “dicas”
não atrapalham a leitura, que é totalmente envolvente – não como se você nunca
conseguisse parar de lê-lo, mas como se ele sempre te chamasse de volta.
Outra coisinha me incomodou. Mas não tem a ver com a
escritora nem com a história, mas com a tradutora e a editora. Os pronomes se
repetem demais, o que é muito cansativo, e eu ficava corrigindo mentalmente os
erros que encontrava. A tradução de Rita Sussekind deixou, e muito, a desejar.
Com relação à editora Galera Record, bem, meu exemplar é a
26ª edição, impressa em 2014 no Rio. E que péssima impressão! Muitos
travessões, pontos e vírgulas saíram falhos. Mancada, hein, Galera?
Eu poderia sugerir uma trilha sonora, porém a do filme já é
perfeita, e tem tudo a ver com o livro, com destaque para Heart By Heart, que é uma música mais temática, e Almost Is Never Enough, que acaba por
resumir toda a história da relação de Clary e Jace.
Classificação
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Ótimo |