Amanda Lindhout revela detalhes da produção de "A Casa do Céu"


O Jornal Online O Liberal divulgou uma matéria que conta que Amanda Lindhout levou três anos e meio para escrever "A casa do céu". Confiram:


"Em 2008, a jornalista canadense Amanda Lindhout partiu para a Somália. Seu objetivo era dar voz a população de um país que vivia em um ambiente de guerra e que não tinha governo, mas que mesmo assim a fascinava. Com o fotógrafo Nigel Brennan, embarcou para o país, mas três dias após chegar a seu destino, Amanda e Brennan foram sequestrados por um grupo da milícia somaliana.

O tormento durou 460 dias. Hoje, após ter sido torturada, violada e mudar de cativeiro inúmeras vezes, Amanda decidiu expor seu transtorno ao mundo no livro A Casa do Céu (Editora Novo Conceito , 448 páginas, R$ 27,90). Em entrevista ao LIBERAL na última semana, ela revelou detalhes da produção.

A obra levou três anos e meio para ser escrita, e é assinada por sua protagonista Sara Corbett, a co-autora do livro. "Levei o meu tempo para escrever este livro. Não é fácil escrever sobre uma experiência tão dolorosa. Mas eu acredito no valor de dividir esta história de superação, de resiliência, porque nós aprendemos uns com os outros, e eu penso que outros poderão se inspirar com o espírito desta dificuldade inimaginável que eu tive", conta Amanda.

Enquanto Amanda era espancada, acorrentada, violada e ameaçada de morte, sua família era torturada psicologicamente pelos sequestradores, que exigiam 1,5 milhão de dólares pelo resgate. Em meio a tumultuada realidade, Amanda tentou não sucumbir. A autora apegou-se aos sentimentos nobres, como amor e perdão, e também às lembranças do passado e aos sonhos.

"Todos os dias eram difíceis. Depois de cinco meses, escapei e corri para uma mesquita próxima onde eu esperava que encontraria ajuda. Mas fui recapturada por um sequestrador adolescente. Depois disso, tudo ficou pior. Eu estava faminta, era abusada e vivia em um quarto escuro. Foi quando minha sobrevivência começou a ser colocada à prova a cada momento. Quando tudo piorou, fui a fundo em mim mesma procurar algo para me apoiar, algo para ter esperança. Memórias da vida que eu queria ter me sustentaram, até mesmo no escuro. Na ausência de tudo o que eu já tinha tido na vida, descobri uma parte de mim com uma enorme capacidade de sobrevivência", lembra a autora.

Depois de 460 dias, Amanda foi solta após sua família pagar o resgate. Mas após libertar-se, decidiu que deveria pôr em prática os planos que havia feito enquanto presa, o de oferecer ajuda as mulheres da Somália. "Quando estava trancada, pensava em várias coisas que eu poderia fazer quando estivesse livre e sabia que estar a serviço do mundo era a melhor delas. Então criei uma organização para ajudar o desenvolvimento da Somália, o país onde eu perdi minha liberdade. Vi como as décadas de guerra podaram meus jovens sequestradores, e acreditava que poderia providenciar oportunidades para educação e saúde e motivar mudanças", conta.

Desde 2010, a organização de Amanda, a GEF (Global Enrichment Foundation), recebeu mais de 200 mil somalianos. Ela esteve no país por cinco vezes após seu sequestro, para promover as atividades da fundação. "Estou imensamente orgulhosa disso. Retornar significa superar meus medos mais profundos, e também está me curando de algum jeito. Nós fazemos um trabalho especial com as mulheres do país, que são marginalizadas e tem poucas oportunidades de educação", observa.

Amanda afirma que ainda está se recuperando dos 15 meses assombrosos que viveu na Somália. "E acho que vou levar minha vida inteira para me curar disso. Sim, ainda tenho meus medos. Mas toda manhã tenho que decidir entre dedicar minhas energias ao passado ou ao futuro, então escolho seguir em frente e não me definir ou me limitar por conta dos meus medos".

Desde sua pré-venda no exterior, no último mês de setembro, o livro foi eleito como o melhor do mês pela Amazon, site de vendas digitais. "O livro tem sido bem-sucedido, como nas críticas do jornal norte-americano The New York Times, onde foi listado entre os best-sellers. Também foi eleito como o campeão de vendas no meu país. Estou trabalhando bastante para levar esta história para diversas partes do mundo, e vou aproveitar muito o momento. Já planejo um novo livro, sobre minha recuperação, mas não por enquanto. Continuo viajando pelo mundo, para educar a mim mesma e apreciar as pequenas coisas da vida, como o pôr do sol. Perdi isso por um ano inteiro e estou muito grata por ter uma segunda chance na vida. O trabalho com a GEF também exige mais foco meu, e espero que o nosso trabalho com a fundação possa ser expandido para os próximos anos e alcance mais pessoas na Somália", finaliza."

Fonte

Sobre Claudia Carvalho

É proprietária e autora do OUL. Interessada em literatura e ficção desde a infância, acredita que conhecimento existe para ser compartilhado.

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