#Resenha "Liberta-me - Estilhaça-me #2", de Tahereh Mafi

Juliette agora está segura no Ponto Ômega, o lar de um movimento de resistência ao Restabelecimento, junto a Kenji, o pequeno James e Adam Kent, seu grande amor. Mesmo convivendo com pessoas que possuem um poder, assim como ela, sua letalidade e introversão fazem com que muitas pessoas a temam. Castle, o líder, diz que ela precisa se enturmar, sair da zona de conforto que Adam, o único que pode tocar sua pele (afora a outra infeliz exceção que é Warner), e terríveis descobertas a fazem escolher abandonar seu amado.

Uma guerra se aproxima, e Juliette precisa treinar e conhecer sua capacidade. Ela precisa deixar mais pessoas entrarem em sua vida, ser útil no Ponto Ômega e (parar de pensar em Warner) saber o que fazer com seus segredos.

Intenso, cheio de reviravoltas e ação, Liberta-me será avidamente devorado pelo leitor.

Sinto que começo a corar e penso sobre minha incapacidade de ser livre com palavras e sentimentos. Penso sobre minha incapacidade para brincadeiras, conversas tranquilas, palavras vazias para preencher momentos constrangedores. Não tenho um armário cheio de "hums" e elipses prontas para inserir no começo e no final de frases. Não sei como ser um verbo, um advérbio, nenhum tipo de adjetivo ou advérbio. Sou um substantivo do começo ao fim.

Estou apaixonada por essa trilogia, e temo que Tahereh Mafi jamais conseguirá repetir a magia da história de Juliette. Torço para que Mafi escreva livros cada vez melhores.

Kenji é o alívio cômico da história desde o momento em que apareceu ao final de Estilhaça-me, porém ele acaba se tornando sério pelo peso das responsabilidades, mas sem perder totalmente a graça. Ele dá um choque de realidade para Juliette que a faz tomar vergonha na cara e tomar decisões.

Juliette tem que lidar com um de seus piores inimigos: ela mesma. É muito difícil para ela se aceitar e socializar, e não entendo como as pessoas e personagens esperam que alguém que nunca foi aceito na sociedade e ficou trancafiado durante três anos de sua vida, sendo um deles num cubículo em um manicômio, possa simplesmente saber como se aproximar das pessoas. Pelo menos eles dão uma chance a ela, que não desperdiça, e se torna parte da grande família que os moradores do Ponto Ômega formam.

Adam se mostra muito passional, a ponto de colocar sua segurança em risco para ficar com Juliette, e não sei se isso é muito romântico ou muita burrice. E ele começou a cair no meu conceito, infelizmente. As reações dele a certas revelações me fazem pensar que vamos descobrir seu lado não tão bom...

O que eu quero mesmo dizer é quem diabos você é e quem é você para decidir quem deve morrer. Quem é você para decidir quem deve ser morto. Quem é você para me dizer qual pai devo destruir e qual criança devo deixar órfã e qual mãe deve ficar sem seu filho, qual irmão deve ficar sem uma irmã, qual avó deve passar o restante da vida chorando durante as primeiras horas da manhã porque o corpo de seu neto foi enterrado antes do dela.

O pequeno James fica bem ausente na maior parte do livro, pois prefere brincar com outras crianças, mas quando aparece não é à toa ─ a autora preferiu trazê-lo à cena apenas quando fosse relevante, ao invés de desgastar sua imagem fazendo-o aparecer quando sua presença acarreta numa mudança da percepção do leitor para com a situação ou ambiente. Foi uma sábia decisão.

Conhecemos melhor o passado de Warner. Não foi o suficiente para me convencer a preferi-lo, mas tive pena do coitado, apesar de tudo.

Liberta-me não é tão rápido quanto Estilhaça-me, até porque a história embarca mais tempo do que o primeiro livro. O começo é como uma readaptação do leitor, então você não precisa lê-lo logo após terminar a leitura do anterior para se situar.

As emoções ficam totalmente à flor da pele e os protagonistas estão sob pressão e sofrem muito. Não há coitadismo na narração, tudo é contado de uma forma que você perceba os sentimentos e os identifique, sem sentir "peninha" dos personagens.

─ Sempre havia livros por ali ─ eu continuo, de alguma forma incapaz de parar agora, com os olhos colados no chão. ─ No centro de detenção. Muitos deles eram velhos e gastos e não tinham capa, assim nem sempre sabia o título ou o autor. Apenas lia tudo que podia encontrar. Contos de fadas e mistérios e história e poesia. Não importava o que fosse. Eu lia de novo e de novo e de novo. Os livros... Eles me ajudaram a não perder completamente a cabeça.

O Ponto Ômega lembrou muito a Mansão X (X-Men) e Winston lembra, em suas habilidades, o Sr. Fantástico (Quarteto Fantástico), e me pergunto se Mafi é fã das histórias da Marvel Comics.

Uma coisa que é absurdamente difícil e falar de cada livro separadamente sem dar spoiler. Mas uma coisa que posso dizer é que o final te deixa de queixo caído e cheio de expectativas.

Fico imaginando como essas coisa serão retratadas ─ se forem retratadas ─ na série de TV. Espero que façam jus a essa história tão incrível.

Classificação